Filmes da Comissão da Verdade e Barra 68 serão exibidos no campus Darcy Ribeiro de 22 a 26 de outubro.

 

 

A Universidade de Brasília realizará, de 22 a 26 de outubro, ampla mostra de cinema sobre violações dos direitos humanos na ditadura civil-militar. “Marcas da Memória” reúne 15 filmes de longa e curta metragem. As sessões acontecerão às 12h e às 15h nos anfiteatros 09 e 10 do Instituto Central de Ciências do Campus Universitário Darcy Ribeiro. A roda de encerramento será no dia 26 de outubro (sexta-feira), às 19h, em frente ao Anfiteatro 10, e contará com a presença do cineasta Vladimir Carvalho, diretor do filme "Barra 68 - sem perder a ternura". 

 

Os filmes são em sua maioria produzidos ou apoiados pelo projeto "Marcas da Memória" da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Desenvolvido pela Comissão para reunir depoimentos, o projeto visa a fomentar iniciativas culturais que permitem à sociedade conhecer as violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, sistematizando e disseminando informações em formato acessível que permitam resgatar o passado autoritário para não repeti-lo no futuro.

 

Entre outros filmes, serão exibidos o curta “Lua Nova do Penar”, exibido em festivais de cinema na Europa e na Ásia e o longa “Repare Bem”, que recebeu os prêmios Melhor Longa Estrangeiro Dom Quixote e Troféu Júri da Crítica do Festival de Cinema de Gramado de 2013.

 

Entre as produções mais recentes do projeto, serão exibidos os filmes “Retratos de Identificação” e “Uma Dor Suspensa no Tempo”.

 

Além das produções promovidas pelo MJ, a mostra da UnB trará também o documentário “Barra 68 - sem perder a ternura” (2001), escrito e dirigido por Vladimir Carvalho. Este último retrata a  criação da Universidade, as inovações que ela propunha, a perseguição que sofreu com o regime militar e sua invasão pelo exército brasileiro em 1968. O longa foi premiado nos festivais de Brasília, Fortaleza e Recife e também foi selecionado nos festivais internacionais de São Paulo, Havana e Friburg (Suíça).

 

A mostra está sendo organizada pela Diretoria de Organização Comunitárias, Cultura e Arte, do Decanato de Assuntos Comunitários, da UnB (UnB/DAC/DOCCA). “A proposta é trazer novamente para o debate público a memória e a reflexão crítica sobre o regime de exceção vivido no Brasil e pensar em seus reflexos no presente”,  aponta Lorena Bicalho, coordenadora de arte e cultura da DOCCA e uma das organizadoras do evento.“A história da ditadura militar precisa ser reforçada a todo tempo. Ela é muito recente e custa a ser realmente passada a limpo”, diz.

 

A roda de encerramento será no dia 26 de outubro (sexta-feira), às 19h, em frente ao Anfiteatro 10, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília. Na ocasião, será exibido o filme “Barra 68 - sem perder a ternura”, em seguida, a fala será aberta aos convidados para a roda: Mácia Abrahão, reitora da UnB; Vladimir Carvalho, diretor do filme; Fernando Oliveira Paulino, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória da Verdade da UnB; José Otávio Guimarães, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB e Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães. 

 

 

Comissão da Verdade – Criada em 2001 para reparar violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, a Comissão de Anistia é órgão do Estado brasileiro composto por 25 conselheiros, a maioria agentes da sociedade civil ou professores universitários. Até janeiro de 2015, a Comissão havia recebido mais de 74 mil pedidos de anistia, declarando mais de 43 mil pessoas anistiadas políticas, com ou sem reparação econômica.

  

 

Os filmes serão exibidos em duas sessões: às 12h e às 15h, nos anfiteatros 09 e 10 do Instituto Central de Ciências, Campus Darcy Ribeiro. Confira a programação completa.

 

 

 

 

 Programação

 

Dia 22 de outubro (segunda-feira)

 

15h

Vou contar para os meus filhos (Brasil) Direção de Tuca Siqueira, 2011, 24 minutos. Entre 1969 e 1979, 24 jovens mulheres estiveram presas na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, em Recife (PE), porque lutavam por igualdade social e pela democracia em uma época em que o Brasil enfrentava uma ditadura militar. Passados 40 anos, o reencontro delas, que hoje moram em diferentes estados do país, traz de volta não apenas os laços de solidariedade que surgiram no presídio, mas também a lembrança de um Brasil que tentou calar vozes e violentar sonhos. Classificação indicativa: 10 anos

 

Barra 68 - sem perder a ternura (Brasil) Direção de Vladimir Carvalho, 2001, 82 minutos. A luta de Darcy Ribeiro, nos anos 60, para criar e implantar a Universidade de Brasília. E as repetidas agressões sofridas pela UnB desde o golpe militar até os acontecimentos de 1968, quando foram detidos numa quadra de esportes cerca de 500 estudantes.

 

Dia 23 de outubro (terça-feira)

 

12h

Lua nova do penar (Brasil). Direção de Leila Jinkings, 2013, 27 minutos. A família de Hiram de Lima Pereira tinha na música e na poesia um elemento central e unificador. Jornalista, ator e poeta, membro do Comitê Central do Partido Comunista, desaparecido político. As filhas cantam a música que Hiram compôs na prisão e as músicas que a mãe, musicista, deixou. A trilha sonora é toda da criação familiar. Um olhar sobre a pessoa, que transcende o contexto político. Classificação indicativa: 10 anos

 

Militares da democracia: os militares que disseram não (Brasil). Direção de Silvio Tendler, 2013, 100 minutos. Eles lutaram pela Constituição, pela legalidade e contra o golpe de 1964, mas a sociedade brasileira pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que, até hoje, ainda buscam justiça e reconhecimento na história do país.  O filme resgata, através de depoimentos e registros de arquivos, as memórias repudiadas, sufocadas e despercebidas dos militares perseguidos, cassados, torturados e mortos, por defenderem a ordem constitucional e uma sociedade livre e democrática. Classificação indicativa: 12 anos

 

15h

Em nome da Segurança Nacional (Brasil). Direção de Renato Tapajós, 2012, 45 minutos. O filme tem como eixo narrativo o Tribunal Tiradentes, organizado pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, em 1983. Acrescenta às cenas do Tribunal diversos materiais, tanto de arquivo quanto ficcionais, e discute a Doutrina de Segurança Nacional, eixo ideológico da ditadura implantada pelo golpe de 1964, e o efeito que ela teve sobre diversos segmentos da sociedade brasileira. Classificação indicativa: 12 anos

 

Retratos de identificação (Brasil). Direção de Anita Leandro, 2014, 71 minutos. Dois ex-guerrilheiros que lutaram contra a ditadura militar se deparam, pela primeira vez, com fotografias tiradas pela polícia no momento de suas respectivas prisões e processos de banimento. O passado retorna. Classificação indicativa: 12 anos

 

 

Dia 24 de outubro (quarta-feira)

 

12h

Damas da liberdade (Brasil). Direção de Célia Gurgel e Joe Pimentel, 2012, 28 minutos. Através de narrativas de mulheres do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro pela Anistia é contada a história da luta pela anistia no Brasil nos anos de 1970, reacendendo o debate sobre um período de repressão e medo que o país jamais deverá esquecer. Classificação indicativa: Livre

 

Repare bem (Brasil/Holanda/Itália). Direção de Maria de Medeiros, 2012, 95 minutos.  O documentário  se move por meio da história de três gerações de mulheres. As câmaras registraram em Roma e em Joure, no norte da Holanda, os testemunhos de Denise Crispim e de sua filha, Eduarda Ditta Crispim Leite. Apesar de longe do Brasil, suas palavras, que falam de exílio e de memória, levam-nos a um mergulho profundo na história do Brasil, dos anos 1970 até a atualidade. Classificação indicativa: 10 anos

 

15h

Labirinto de papel (Brasil). Direção de André Araújo e Roberto Giovannetti, 2014, 29 minutos. Um grupo de pesquisadores do Tocantins busca elucidar eventos envolvendo militantes e o exército durante o período da ditadura civil-militar brasileira na região do então norte de Goiás. Classificação indicativa: 10 anos

 

Uma dor suspensa no tempo (Brasil). Direção de Vera Totta, 2014, 120 minutos. Durante as filmagens foram visitados espaços físicos que abrigaram a violência no Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. Nesses locais foram gravados depoimentos de personagens da triste história de repressão, destacando os diferentes processos e experiências vividas nas ditaduras civis e militares do Cone Sul da América Latina. Classificação indicativa: 12 anos

 

 

Dia 25 de outubro (quinta-feira)

 

12h

Ainda hoje existem perseguidos políticos (Brasil). Direção do Coletivo Catarse, 2012, 54 minutos. O filme fomenta o debate sobre a ausência de uma efetiva transição democrática no Brasil, pós ditadura civil-militar,  implantada no país a partir de 1964, identificando semelhanças no agir do Estado, no passado e  no presente, demonstrando que a cultura do autoritarismo permanece arraigada em algumas instituições do Estado brasileiro. Classificação indicativa: 10 anos

 

Se cada um de nós se cala (Brasil). Direção de Célia Maria Alves e Vera Côrtes, 2013, 68 minutos.  O filme insere Goiás no contexto do golpe militar de 1964. A partir de relatos de anistiados que à época eram jovens estudantes e militantes políticos, o documentário resgata e revela os motivos pelos quais Goiás foi o único estado brasileiro que sofreu intervenção militar e como a ditadura foi cruel com os brasileiros e goianos que ousaram não se calar. Classificação indicativa: 10 anos

 

15h

1964 – Um golpe contra o Brasil (Brasil). Direção de Alípio Freire, 2013, 145 minutos. Aborda a memória do período de conspiração do golpe de Estado, fazendo uma breve retrospectiva desde o final da II Guerra Mundial, além dos primeiros dias da ditadura civil-militar de 1964-1985, dentro do contexto internacional da época, com seus autores e suas motivações. Classificação indicativa: 10 anos

 

 

Dia 26 de outubro (sexta-feira)

 

15h

30 Anos da Anistia (Brasil). Direção de Luiz Fernando Lobo, 2009, 17 minutos. Retrata a história da ditadura militar no Brasil, a luta do povo brasileiro pela liberdade, pela Anistia. Durante um período sombrio da história do Brasil, ouve-se um grito de esperança e justiça, o povo reivindicou seus direitos e conseguiu. Foram criadas a Lei da Anistia e a Comissão de Anistia, posteriormente. Classificação indicativa: 12 anos

 

Nossas histórias (Brasil). Direção de Angela Zoé, 2014, 72 minutos. Relata histórias pessoais de três pessoas anônimas que lutaram e resistiram de forma heroica à ditadura militar brasileira: Angelina Dutra – Casa de Mãe Casa de Filha, Damaris Lucena – Céu Aberto e Theodomiro Brito – Pena de vida. São narrativas inspiradoras, de coragem e superação extremas, de pessoas que tiveram suas vidas transformadas, mas que nunca tiveram a oportunidade de contar suas histórias. Classificação indicativa: 12 anos

 

19h

Roda de conversa de encerramento 

19h - Exibição do filme “Barra 68 - sem perder a ternura”

20h30min - Convidados para a roda: Mácia Abrahão, reitora da UnB; Vladimir Carvalho, diretor do filme; Fernando Oliveira Paulino, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória da Verdade da UnB; José Otávio Guimarães, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB e Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães. 

 

 

Serviço

Mostra Marcas da Memória da Comissão de Anistia na UnB

 

Local: Campus Universitário Darcy Ribeiro, Instituto Central de Ciências, Anfiteatros 09 e 10.

 

Hora: 12h e 15h

 

Entrada franca

 

Realização: UnB/DAC/DOCCA